O padre Celestino Epalanga, secretário Nacional da Comissão de Justiça e Direitos Humanos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), disse nesta segunda-feira, 08, em Luanda, que o “país tem estado a fazer gastos de ostentação e que não ajudam em nada”.
“Nós não temos dinheiro para fazer muitas coisas importantes para desenvolver o país, mas temos dinheiro para gastos – não diria supérfluos-, mas gastos de ostentação. Temos dinheiro para comprar sapatos caríssimos, relógios caríssimos, vestidos caríssimos, carros extremamente caros, e tantas outras coisas que realmente é um desperdício e em nada contribuem para o desenvolvimento sustentável do país”, afirmou.
Ao analisar directamente a problemática a volta dos carros de luxos atribuídos aos deputados à Assembleia Nacional, avaliados em 200 milhões de kwanzas, o sacerdote lamentou a decisão, e questionou a necessidade da sua aquisição, a julgar pela crise financeira que o país enfrenta.
“São viaturas de luxo, mas no bom português são viaturas protocolares. É preciso realmente que os deputados tenham viaturas protocolares em valores de até 200 milhões de kwanzas?”. Questiona ainda se é necessário, “a olhar para as condições socioeconómicas do país. Será que que isso é sério?”.
O secretário-geral da Comissão de Justiça e Direitos Humanos da CEAST, questionou também a transparência do processo de aquisição das referidas viaturas, por entender que para o efeito, deveria ter havido concurso público.
A Assembleia Nacional atribuiu aos 220 deputados uma viatura protocolar cada, de marca Lexus, avaliado em 200 milhões de kwanzas cada.
Uma situação que continua a gerar debate em diversos círculos da sociedade. Até ao momento, o parlamento angolano não fez qualquer pronunciamento.
Entretanto, a UNITA, maior partido na oposição, fez sair, na semana finda, através do seu grupo parlamentar, um comunicado em que explica que as viaturas são propriedade da Assembleia Nacional e não são uma oferta aos deputados, pois “quando o deputado termina ou interrompe o mandato, as viaturas ficam na Assembleia Nacional”.
Ao reagir a este documento da UNITA, o padre Celestino Epalanga, que comentava os factos da semana na Emissora Católica de Angola, disse que o melhor seria que “a UNITA se tivesse mantido calada ao invés de vir a público falar em nome do povo”.
“O que deixou-me irritado é alguns deputados, sobretudo da oposição, a quererem defender, a tentar sofismar. Nós não estamos para sofismas. Não desiludam o povo, não falem em nome do povo para subirem na vida. A oposição que diz que está ao lado do povo não pode querer justificar isto“, disse.
